sexta-feira, 6 de junho de 2014

Câncer de mama: regiões com baixos índices indicam subdiagnóstico no Brasil

Para 2014, são esperados 57 mil novos casos de câncer de mama na população brasileira de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Os números fazem da doença uma grande preocupação entre as brasileiras, especialmente diante das 13 mil mortes estimadas este ano decorrentes da doença. 

Uma pesquisa realizada em 2013 pelo INCA mostrou que o câncer de mama foi mais frequente nas Regiões Sul (71 casos/100 mil) e Sudeste (71 casos/100 mil), e menos na região Nordeste (37 casos/100 mil) e Norte (21 casos/100 mil). Para o dr. Felipe Eduardo Martins de Andrade, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e Titular do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio-Libanês, as taxas variam pelo fato do país ter dimensões continentais. “Nos Estados menos desenvolvidos, com menos recursos diagnósticos e programas inadequados, a ocorrência dos tumores muitas vezes é subestimada”, explica. 

Outro aspecto que chama a atenção nas estatísticas entre 1980 e 2011 é o aumento na taxa de mortalidade por câncer também na faixa etária de até 50 anos, em todas as regiões do Brasil. Embora mais comum em mulheres acima de 50 anos - em 2011 foram aproximadamente 47 óbitos a cada 100 mil mulheres -, não podemos ignorar que o aumento da ocorrência em mulheres mais novas subiu de 2,25 casos, em 1980, para 4,31 casos em 2011, alerta o especialista. “Quanto mais próxima a mulher estiver da quarta e quinta décadas de vida, maiores são os riscos. O aumento no número de casos em jovens se deve à melhora do rastreamento mamário e, por conseguinte maus achados. Também, pelo maior entendimento da doença e consulta mais precoce com o mastologista”, avalia dr. Felipe Eduardo.

Para ele, o interessante de se observar é a forma como a abordagem da doença mudou. “Antigamente as cirurgias provocavam enormes deformações na estética mamária e, em muitas vezes, deformações no tórax das pacientes”, ressalta. O médico também destaca que mesmo com a confirmação do diagnóstico, a mulher com câncer de mama vive hoje muito mais, mesmo que o câncer evolua com metástases. “Hoje, há uma série de medicações que podem controlar essa doença por um longo período.”

Fatores de riscos - É preciso tomar cuidado com dietas ricas em gordura, sedentarismo, alimentos industrializados - que podem conter algum efeito hormonal –, obesidade e bebidas alcoólicas.  

Prevenção e diagnóstico - As consultas rotineiras ao ginecologista e ao mastologista, pelo menos a cada ano, ou conforme sua orientação, aumentam as chances de um diagnóstico precoce da doença. Nestas consultas, será solicitada a mamografia uma vez ao ano, a partir dos quarenta anos, para toda mulher sem histórico de câncer de mama na família, ou antes, nos casos de alto risco. As pacientes de muito alto risco devem iniciar entre 25 e 30 anos seus exames, sendo a mamografia e ressonância magnéticas os exames de preferência. Estas medidas têm o objetivo de detectar a doença ainda no início, facilitando o tratamento por meio de cirurgias menores.

Para dr. Felipe Eduardo, a realização do autoexame funciona como um autoconhecimento da mama. Ao passar a mão com sabão durante o banho deve-se fazer pequena pressão, como se tivesse tocando piano, notando se existe algum nódulo e verificando se há mudanças de contorno, vermelhidão ou se o bico tem alguma lesão. “Mas isso não descarta as consultas periódicas a um ginecologista e ao mastologista, que acompanhe as mamas e solicite os exames dentro de épocas e idades específicas”, alerta. 

Há, também, para casos específicos, exames modernos que verificam alterações genéticas, sendo as mais comuns nos genes BRCA1, BRCA2, p53 e CHEK2. Estas mutações representam um aumento expressivo na possibilidade do aparecimento do tumor de mama em comparação com o restante da população. “O risco da mutação no BRCA1, por exemplo, aumenta as chances de câncer de mama em 70% a 80% até os 70 anos de idade”, explica o dr. Felipe Eduardo.

Mutações genéticas como estas podem levar as mulheres a cirurgias redutoras de risco, como no caso da atriz Angelina Jolie, que por meio de uma dupla mastectomia retirou as glândulas mamárias para reduzir o risco a quase zero. 



Tratamento - Tratamentos cirúrgicos, radioterapia, quimioterapia e terapia-alvo estão entre os tratamentos mais comuns para a doença, e podem ser realizados individualmente ou combinados, conforme o caso. Há também a terapia endócrina, indicada nos casos de tumor com receptores hormonais, como estrógeno e progesterona. Estas drogas agem inibindo o desenvolvimento das células de câncer de mama que possuam receptores hormonais, seja pela inativação dos receptores ou pela diminuição do hormônio estrogênico circulante.

Na terapia-alvo, ocorre uma ligação específica do medicamento com as células de câncer, substâncias que atuariam especificamente nesta célula, promovendo sua destruição e poupando outras não cancerosas. Não apenas o tratamento varia de acordo com a paciente, mas também a ordem como é oferecido. A radioterapia depende de fatores como o tamanho do tumor, localização, características da célula e da quantidade de linfonodos comprometidos. Já a cirurgia, pode vir antes ou depois de outros tratamentos, dependendo do tamanho do tumor. Nos maiores, quimioterapia ou terapia-alvo são realizadas antes, buscando reduzir seu tamanho para então retirá-lo por meio da cirurgia.  

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